sexta-feira, 20 de novembro de 2009

DEMOCRACIA E ÉTICA



Nota da CNBB sobre o momento político nacional
Nós, Bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), acompanhamos, perplexos, com todo o povo brasileiro, o momento político atual.
São freqüentes as denúncias de corrupção em várias instâncias dos Três Poderes. Cresce a indignação ética diante da violação de valores fundamentais para a sociedade. A ambição desmedida de riqueza e de poder leva à corrupção. A denúncia do profeta Isaías vale também hoje: “eles gostam de subornos, correm atrás de presentes; não fazem justiça ao órfão e a causa da viúva nem chega até eles” (Is 1,23). Por isso, as palavras do apóstolo Paulo são apropriadas para este momento: “Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12,21).
A corrupção e a impunidade estão levando o povo ao descrédito na ação política e nas instituições, enfraquecendo a democracia. A crise, decorrente da falta de consciência moral, é estimulada pela ganância e marcada pelos corporativismos históricos, que utilizam as estruturas de poder para benefício próprio e de grupos.
Os empobrecidos são os mais prejudicados com o desvio das verbas públicas. Os poderes constituídos precisam assumir sua responsabilidade diante da corrupção e da impunidade. Urge também uma profunda reforma do atual sistema político, não limitada à revisão do sistema eleitoral. É necessário aprimorar os mecanismos da democracia representativa e favorecer a democracia participativa; a regulamentação do Art. 14 da Constituição Federal oferece esta possibilidade de participação por meio de referendos, plebiscitos e conselhos. A experiência de participação popular na política é uma conquista e um patrimônio precioso da sociedade.
O povo brasileiro precisa recuperar a esperança. A credibilidade e a legitimidade de nossas instituições serão asseguradas pela apuração da verdade dos fatos, pela restituição dos bens públicos apropriados ilicitamente e pela punição dos delituosos.
Queremos estimular os cristãos que, em nome da sua fé, se engajam no mundo da política, dizendo-lhes que vale a pena dedicar-se à nobre causa do bem comum. O exercício responsável da cidadania é um imperativo ético para todos.
Conclamamos as pessoas de boa vontade e as organizações da sociedade a se posicionarem com coragem, repudiando os desmandos e a impunidade, construindo uma convivência social sadia e velando pelo exercício do poder com honestidade.
Esta crise política poderá se tornar uma ocasião de amadurecimento das instituições democráticas do País, se levar a um comprometimento maior com a verdade que nos liberta e com a luta por um Brasil justo, solidário e livre, onde “justiça e paz se abraçarão” (Sl 85,11).
Dom Geraldo Lyrio Rocha
Arcebispo de Mariana
Presidente da CNBB
Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus
Vice-Presidente da CNBB
Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar de São Sebastião do Rio de Janeiro
Secretário-Geral da CNBB


FE E POLITICA


A Igreja esta cheia de políticos, mas nem todos têm a Igreja em seus corações

"A religião é imprescindível para a vida política".
 A religião é abordada como uma "questão mais democrática e social". "Foram os cidadãos, e não os estados, que promoveram essa volta da religião ao centro da vida pública e nas sociedades onde a tolerância e a laicidade são consideradas como 'valores adquiridos'".
Foi, sobretudo o mundo ocidental que subestimou a presença do religioso na sociedade. A crise das ideologias, na década de 70, e a quebra de confiança na capacidade dos governos acabaram por abrir espaço à religião. A “religião é parte imprescindível da política" afirmo.


     Princípios da Doutrina Social da Igreja 

A Igreja tem uma experiência maravilhosa em seu ensinamento social. Aqui se encontram seus princípios mais importantes, que servirão como critérios, para fazermos nossas escolhas: POIS AS PROXIMAS ELEIÇÕES ESTÃO AS PORTAS. Em primeiro lugar, a dignidade da pessoa humana, criatura e imagem de Deus, em unidade de corpo e alma, cuja vida vem a ser respeitada desde a sua concepção até seu declínio natural. As pessoas que se apresentam como candidatas valorizam e defendem a vida? Qual é sua posição a respeito do aborto ou outras práticas que desvalorizam a vida? Esta é nossa primeira bandeira! O Ensinamento social da Igreja tem outro princípio, o do bem comum. As necessidades e o proveito do que vale para todos, especialmente dos mais pobres, vale mais do que os interesses dos partidos e mais do que projetos de enriquecimento pessoal. Verifiquemos se os candidatos manifestam disposições e condições para cuidarem do bem de todos. A subsidiariedade é outro princípio da doutrina social da Igreja. É impossível promover a dignidade da pessoa sem cuidar da família, dos grupos, das associações, as realidades territoriais locais, das diversas formas de organização da sociedade, inclusive religiosas. As pessoas que se candidatam oferecem programas que possibilitam a valorização dos grupos menores e se interessam por promover a liberdade de organização da sociedade?A Solidariedade, quarto princípio da doutrina social da Igreja, significa a sensibilidade para atender todas as situações mais difíceis existentes na sociedade. Solidariedade é não deixar passar perto da gente qualquer situação humana sem nossa resposta, mas fazendo sempre o bem que estiver ao nosso alcance. Seus candidatos têm esta sensibilidade? Votar e votar bem, O apelo da Igreja é que todos participem bem do processo eleitoral, para que os  escolham bem quem poderá servir mais e servir melhor. Votem com consciência! Preparem-se para votar bem, conhecendo os candidatos e suas propostas. Ajudem a fazer das próximas eleições uma festa de autêntica democracia. É mais um passo que damos para o aperfeiçoamento de nossa prática política. 
Orientações pastorais para a Política A Igreja não quer impor aos católicos acordos políticos ou candidatos. Todos os católicos têm à disposição, para decidir bem, sua própria consciência. Não desejamos vantagens, fatias do poder ou cargos na administração. Queremos, sim, oferecer homens e mulheres que sejam fermento na massa, ao lado de tantas pessoas de boa vontade, prontos a participarem bem das atividades políticas. Pretendemos contribuir para que os valores do Evangelho iluminem o voto e a prática política dos eleitos para as Prefeituras e Câmaras Municipais Assembléia Legislativa, Câmara Federal,Senado e Governo Federal de nossa Nação. Que candidatas e candidatos aos diversos cargos conheçam a posição cristalina da Igreja Católica que busca o aperfeiçoamento da prática política. Introduzir Deus na política não significa transformar o espaço político, chame-se ele campanha eleitoral, comício, câmara, parlamento, prefeitura ou militância partidária em local de pregação de uma Igreja ou outra. Não é este o lugar para isso, pois aí se encontra o legítimo espaço da diversidade. O que somos chamados a fazer é dar testemunho concreto e prático dos valores do evangelho. Todas as palavras e os posicionamentos a respeito da ecologia, habitação, estradas, viadutos, hospitais ou outros temas importantes terão como referências os valores da verdade, da liberdade, da justiça e do amor.  O que queremos?
   Retidão pessoal e Vida Cristã, para alcançar objetivos que, certamente muitos consideram exagerados, quem quer entender de política, como cristão, deverá alimentar a vida espiritual através da oração e contato com a Palavra de Deus. Depois de falar a Deus e sobre Deus, não é possível falar mal dos outros. Quem está em Deus muda o ambiente onde quer que chegue, passa também a ter coragem de testemunhar. Não dá para ir à Igreja na campanha e depois não ter mais tempo para freqüentá-la, assim como não dá para ser de vários grupos religiosos ao mesmo tempo. O respeito de que cada político é merecedor será conseqüência de sua coerência humana e religiosa. Saberemos também valorizar pessoas com convicções diferentes, mas fiéis à sua consciência e retas em seu modo de agir.2.       “Voto não tem preço, tem conseqüências”!Para votar bem, é importante prestar atenção às pessoas que se candidatam e os programas de governo que apresentam. Estaremos atentos para verificar a história dos candidatos e o que já fizeram. Depois, se nós queremos contribuir para uma mudança, não aceitaremos, em nenhuma hipótese, vender nosso voto.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Sentido da Vida


"Afirmar que Deus é amor é a mesma coisa que afirmar que Deus é uma Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Não existe uma comunhão mais perfeita e mais profunda do que esta entre as três Pessoas Divinas.

Deus é o mistério supremo. Só Jesus, o Filho de Deus feito Homem, poderia revelar a vida íntima de Deus. Mas a Santíssima Trindade diz relação não só a Deus, mas também ao mundo, à sociedade, a cada um de nós.

Diz a Sagrada Escritura que Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança. Nós podemos imaginar que o amor que une a três Pessoas Divinas transbordou e daí surgiu o homem. Mas Deus não nos criou só por amor, mas para o amor.

E São Paulo, de modo muito profundo, indica o sentido da vida no capítulo 13 da primeira Carta aos Coríntios. Ela mostra que o ser humano que tem o coração vazio de amor é semelhante a um robô.

'Se eu distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, mas não tivesse amor de nada valeria'. De fato, um martírio sem amor torna-se uma farsa, um engano. No dia 10 de maio, o Papa Bento XVI teve seu encontro com a juventude do Brasil no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. O Santo Padre pediu que cada jovem dilatasse mais seu coração para o amor.

Deus, de fato, é o fundamento de tudo o que existe. Quando alguém se esquece do Senhor, fazendo de conta que Ele não existe, o coração dele fica aberto para toda espécie de vícios, de pecados.

O amor a Deus e ao próximo são inseparáveis.

Um coração jovem cheio de amor pelo matrimônio e pela família é um dom de Deus para a humanidade. Na vida, percorremos diversos caminhos, mas o primeiro que percorremos é o da família. E mesmo aqueles que não se casam procuram viver em grupos ou comunidades semelhantes à família.

A vida não pode ser esvaziada, desperdiçada em vícios, drogas, pecados. Uma vida tem de ser produtiva. João Paulo II, cuja memória guardamos com saudade, afirmou que a juventude é um dom de Deus. Portanto é uma fase que precisa ser assumida com responsabilidade.

Contemplando hoje o mistério da Trindade, vamos assumir o compromisso de fazer do amor o sentido da nossa vida.

No entardecer da vida, como dizia São João da Cruz, nós seremos julgados pelo amor".