Deputado reivindica clínica pública para jovens dependentes
04/11/2010
Por Equipe PAB
Segundo
deputado, atendimento oferecido na BS está limitado a clínicas
particulares e casas de recuperação mantidas por entidades
assistenciais. Foto: Equipe PAB
Para suprir a falta de vagas em casas de recuperação de dependentes
das drogas na Baixada Santista, o deputado Paulo Alexandre Barbosa
(PSDB) voltou a reivindicar, ao Governo do Estado, a implantação de uma
clínica pública especializada no tratamento de crianças, adolescentes e
jovens. O parlamentar defendeu a realização de convênios com entidades
assistenciais da região para ampliar o atendimento de usuários.
De acordo com o deputado, a Secretaria de Estado da Saúde já dispõe
de clínicas para dependentes. A primeira foi criada em março de 2009 em
São Bernardo do Campo em um convênio com a Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp) e o Grupo de Saúde Bandeirantes. Na unidade, uma equipe
multiprofissional é responsável pelo acompanhamento dos pacientes, que
ficam internados por cerca de 40 dias.
Durante o período de tratamento, eles são submetidos,
individualmente, a um programa terapêutico com várias atividades diárias
que incluem aulas de dança. A clínica também trabalha para melhorar a
auto-estima dos pacientes, realizando terapias de grupo. Mais de 70% dos
pacientes atendidos na clínica são ex-usuários do crack.
“As vagas oferecidas na região se limitam a clínicas particulares e
casas de recuperação mantidas por entidades sem fins lucrativos, muitas
das quais funcionando com muitas dificuldades financeiras. Não há locais
que recebam exclusivamente crianças e adolescentes, grupo que
representa uma boa parte dos usuários de drogas. Hoje, esse tipo de
atendimento só é disponível em outras regiões do Estado”, ressaltou o
deputado.
Ele lembra que o problema atinge pessoas das mais variadas classes
sociais, mas são as oriundas de famílias pobres que enfrentam as maiores
dificuldades. “Primeiro, o jovem dependente precisa aceitar o
tratamento, que vai exigir muita superação e apoio familiar. Quando isso
acontece, o desafio é conseguir um lugar que aceite interná-lo
gratuitamente. É uma luta que só aumenta o sofrimento”, explicou Paulo
Alexandre.
Em 2008, por iniciativa do deputado, a Assembleia Legislativa
realizou o 1º Encontro Legislativo de Educação para discutir o problema
das drogas. Para o próximo encontro, que deverá ser realizado em 2011, o
parlamentar quer colocar novamente o tema em debate. Serão convidados
especialistas, autoridades e educadores. “O enfrentamento das drogas
exige muita informação e prevenção. E a escola, juntamente com a
família, tem um papel importante na conscientização”.
Idade da Pedra – O crack é hoje a droga que registrou o maior aumento
nos indicadores nacionais de consumo de entorpecentes. Levantamento
realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas
Psicotrópicas (Cebrid) em 108 cidades revelou que 0,1% da população
fumou crack nos 12 meses anteriores à pesquisa, realizada em 2005. O
Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial do uso do crack com
cerca de 1,2 milhão usuários. A idade média para o início do vício é de
13 anos.
A consequência da mudança do perfil dos usuários já reflete nas
estatísticas da Secretaria de Saúde do Estado. Em 2006, 179 pessoas,
na faixa etária de 10 a 18 anos, se submeteram ao atendimento
especializado oferecido aos dependentes. Em 2008, o número foi 371
casos, o que corresponde a um aumento de 107%.
No mesmo período, também cresceu o total de usuários com renda
familiar acima de R$ 10 mil. Nas clínicas particulares do Estado, cerca
de 60% das internações foram de usuários de crack. Pesquisa da Unifesp
aponta ainda que a mortalidade associada ao crack é de 30%. Metade das
vítimas morre em confrontos violentos com traficantes ou policiais
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