sábado, 30 de outubro de 2010

Religiosos defendem discurso do papa

JORNAL ATRIBUNA - SANTOS/SP

Ronaldo Abreu Vaio Créditos: Irandy Ribas

D. Jacyr Francisco Braido diz que é preciso haver consciência pessoal .

Causaram furor as declarações do Papa Bento 16, para que os fiéis católicos fossem orientados politicamente, ao mesmo tempo em que condenou o aborto e a eutanásia. As declarações foram feitas a um grupo de bispos brasileiros em visita ao Vaticano, a apenas 72 horas do segundo turno das eleições presidenciais. Especificamente em relação ao aborto, tem sido um tema bastante explorado pelos candidatos José Serra (PSDB) e Dilma Roussef (PT). 

A Tribuna consultou religiosos da região para saber até que ponto a política é um tema presente em suas paróquias e sobre as declarações do Sumo Pontífice. A maioria deles não considera que o discurso do papa influencie o eleitorado a escolher um ou outro candidato. "Nós orientamos para que haja uma consciência política, não partidária, mas para que votem da melhor maneira possível, dentro da moral cristã", diz e o diácono Marco Antonio Rossi, da Paróquia São Paulo Apóstolo, em Santos. 

Rossi, que é de São João da Boa Vista e está há 3 anos em Santos, considera fundamental a conscientização política. "Vamos eleger pessoas que farão leis para que nós as cumpramos", justifica. Quando acha necessário, faz essa conscientização no final das missas, durante os avisos da paróquia, "não mais de 3 minutos". Abstém-sede abordar política nas homilias," que é o momento da palavra de Deus." 

Contra as leis de Deus 

Antes do primeiro turno das eleições, o padre Cláudio da Conceição, da Paróquia Santa Rosa de Lima, no Guarujá, evocou a Lei da Ficha Limpa para ajudá-lo nesse processo de conscientização política dos fiéis. "Falei para que o voto fosse consciente". Em relação à delicada questão do aborto, Cláudio crê que, indiretamente, a posição da Igreja acaba tendendo para determinado candidato. Para ele, a posição da Igreja é anterior à disputa política atual. "A Igreja sempre se posicionou a favor da vida, não é de agora. Os governantes têm que ver isso. O aborto vai contra as leis de Deus, a Igreja é contra". E conclui: "Padre sempre será padre. Político é só por algum tempo". 

O padre Valdeci João dos Santos, da Paróquia Nossa Senhora da Lapa, em Cubatão, defende a participação política Igreja, a partir de um ponto de vista social, sem partidarismos. "A política como bem-estar. Por exemplo, a Baixada Santista não pode viver o caos da dengue, o caos do trânsito... e aquele menino, pedindo uma moeda no sinal, é meu irmão". 

Consciência pessoal 

O bispo diocesano de Santos, D. Jacyr Francisco Braido, se diz "plenamente sintonizado com as afirmações do Santo Padre", cujo discurso "se situa dentro da concepção cristã da vida, em todos os seus aspectos". Também lembrou aos cristãos "o direito e o dever de usarem do próprio voto com plena liberdade e responsabilidade para a promoção do bem comum e da vida cristã. O voto é responsabilidade direta de cada cidadão diante de sua consciência pessoal, diante da sociedade e diante de Deus".

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