São Paulo, 20.08.2010
Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
Estimados Padres da Arquidiocese de São Paulo
Escrevo-lhes sobre a
campanha eleitoral, já iniciada, em vista das próximas eleições para os
cargos do Poder Executivo (Presidente e Governador) e do Poder
Legislativo (Senador, Deputado Federal e Deputado Estadual).
Todos os cargos
pleiteados nestas eleições são importantes; por isso requerem atenção
especial de nossa parte. O destino político do Brasil, nos próximos
anos, estará na mão daqueles que agora forem eleitos.
O Episcopado do Regional Sul I da CNBB (Estado de São Paulo), em sua assembléia de junho passado, emitiu uma Nota com orientações sobre como “Votar Bem“,
que lhes envio em anexo..Aconselho-os a divulgarem estas orientações
através dos meios à sua disposição, não deixando de imprimir e de
difundir as mesmas nos jornais paroquiais e na internet. Trata-se de
uma ocasião importante para a formação da consciência política do nosso
povo; os eleitores devem exercer bem o seu poder político, mediante o
voto, escolhendo candidatos idôneos e comprometidos com o bem comum,
com a justiça social, o respeito à vida, à dignidade da pessoa humana e
com as demais causas boas.
Ao mesmo tempo, desejo comunicar-lhes algumas orientações da Arquidiocese de São Paulo com respeito ao envolvimento dos espaços e organizações eclesiais na campanha eleitoral.
1. Fique claro que a
Igreja não tem uma opção oficial por partidos ou candidatos. Por isso,
também os representantes da Igreja (Clero) não devem envolver-se
publicamente na campanha partidária (cf Cân. 287 §2; 572).
2. Nas Missas e outras
celebrações (homilias, cursos), não deve ser feita campanha explícita
para partidos ou candidatos, quer por clérigos, quer por leigos. O
envolvimento político-partidário direto do Padre, ou o uso
instrumental, para isso, da celebração litúrgica divide a comunidade.
3. Os espaços eclesiais
não devem estar, de forma exclusiva, a serviço de um partido ou
candidato. Nos mesmos espaços eclesiais (templos, salões paroquiais)
não sejam afixados apelos eleitorais de partido ou candidato.
4. No entanto, não se
deixe de orientar os fiéis para que votem de modo consciente e
responsável, dando o apoio a candidatos que sejam afinados com as suas
próprias convicções e que, se eleitos forem, não promovam causas
contrárias aos princípios cristãos na sua atuação parlamentar, ou
executiva, sobretudo no que diz respeito à dignidade da pessoa e da
vida, desde a sua concepção até à sua morte natural. No entanto, não se
indiquem nomes.
5. Para melhor
conhecimento dos candidatos e de suas propostas, é útil promover
encontros de vários candidatos, para o debate e a exposição das
propostas, no salão paroquial ou em outros ambientes. Porém, isso não
deve ser feito no templo.
Acrescento uma preocupação relativa ao Censo 2010.
A pergunta que se refere à religião (”qual é sua religião?”) pode gerar
confusão, perplexidade e distorção dos dados da realidade. De fato,
quem responder “sou católico”, ou “minha religião é a católica”, será
colocado diante de uma lista de nada menos que 27 opções de “católicos”
ou de “religiões católicas” supostamente diferentes. Fica a pergunta
sobre os reais motivos dessa formulação da questão, quando boa parte
das alternativas (bem 12) dizem respeito à mesma Igreja/religião
Católica Apostólica Romana. Nossos católicos poderão ser levados a
indicar uma opção equivocada, que não corresponda à sua/nossa Igreja ou
religião: Católica Apostólica Romana.
Portanto, recomendo que
nossos fiéis católicos sejam oportunamente orientados a responder: “sou
católico apostólico romano”, ou “minha religião é a Católica Apostólica
Romana”. Sugiro que a questão seja explicada sem demora ao povo nas
Missas (avisos) e em outras circunstâncias (jornais, revistas,
internet). O Censo já está acontecendo. Em anexo, envio-lhes a lista do
IBGE, relativa às opções de “católicos” constantes no Censo 2010.
Estimados padres, as
questões acima expostas entram no nosso zelo pastoral, para conduzir,
defender e servir, quais bons pastores, o rebanho do Senhor confiado
aos nossos cuidados. Deus os abençoe e recompense!
Cardeal Dom Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário